Em um ano, quatro servidores teriam retirado suas vidas devido ao alto grau de esgotamento e situações correlatas à atividade – o caso mais recente foi em Lajeado.
As condições de trabalho e a pressão psicológica sobre os agentes penitenciários preocupa o Sindicato da Polícia Penal do RS. Conforme o presidente da entidade, Cláudio Dessbesell, em um ano, quatro servidores teriam retirado suas vidas devido ao alto grau de esgotamento e situações correlatas à atividade. O caso mais recente teria ocorrido em Lajeado, nesta semana.
De acordo com Dessbesell, o trabalho de um agente penal é equiparado a um soldado em uma guerra, tamanho o desafio mental. O sindicalista relata de 400 a 500 afastamentos por motivações psiquiátricas na corporação. “Serviço extremamente desgastante”, contou ele em entrevista ao Redação no Ar desta quarta-feira (21).
A defasagem salarial e de profissionais no quadro da Polícia Penal aumentam a insatisfação. “10 anos de defasagem salarial, é algo injusto com a segurança pública. Hoje eu recebo líquidos menos do que 10 anos atrás”, afirma Dessbesell.
Outra situação que o líder da categoria pontua é: há uma década, a massa carcerária gaúcha era de 23 a 25 mil detentos, e hoje seriam 44 mil, sem aumento correspondente de profissionais de segurança.
Segundo o presidente do sindicato, presídios que tinham 12 agentes hoje têm 4, e para as novas unidades, não foram contratados mais servidores – os que tinham foram remanejados. O dirigente sindical narra que as penitenciárias trabalham com 50% do efetivo funcional. Onde deveria ter quatro servidores, às vezes tem um, explica. “O limitador deveria ser no mínimo dois”, aponta.
Por isso ele fala em “tragédia anunciada que a gente vem relatando e falando abertamente”. “O governo está brincando com a segurança pública dentro do sistema penal”. “É uma série de situações que a gente trabalha ali dentro de uma forma tensa e preocupante o tempo todo, para os presos não fugirem, para os presos não se matarem, não matarem um de nos”, argumenta.
“Queremos que nossos gestores tenham mais expertise e que diminua a tensão, pois o sistema penal é muito tenso, é muito delicado. Qualquer erro, qualquer falha, a sociedade pode pagar…uma grande fuga em massa”, relata, sobre as consequências indesejáveis.
Saiba mais
Segundo os policiais penais, a defasagem nos vencimentos chega a 70% desde 2014. O Governo do RS propôs 12% de reajuste para a Polícia Civil, Brigada Militar, Instituto-Geral de Perícias e Polícia Penal. O índice é considerado insuficiente pelas categorias.
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