Em entrevista para rádio de Porto Alegre, “Folharada”, nomeado para cargo na SJSPS pelo Governo Leite, acusou sindicato de ter vinculação política e que servidores penitenciários venderam detentos e promoviam rebeliões propositalmente.
A Amapergs Sindicato reivindicará a exoneração do recém-nomeado chefe de seção, senhor Lacir Moraes Ramos, na Secretaria Estadual de Justiça, Sistemas Penal e Socioeducativo, e deve processá-lo, tendo em vista recentes acusações proferidas por ele em entrevista para veículo de imprensa. “Folharada”, como é conhecido e que possui condenações que chegam a 200 anos, foi nomeado, na última semana, pelo Governador Eduardo Leite para chefiar uma área na SJSPS. Nesta quarta-feira (13/10), o Sindicato entregará documento em que pede a exoneração durante audiência com o secretário Mauro Hauschild.
“Ficamos perplexos, pasmos e atônitos com essa nomeação. Alguém com perfil similar seria nomeado em algum cargo de chefia na Polícia Civil ou Brigada Militar, ou por instituição da área pública? Todo o candidato a concurso da SUSEPE participa de diversas etapas eliminatórias, entre as quais a investigação da sua vida pregressa. Entendemos que a contratação de um cargo m comissão (CC) acontece de maneira mais simplificada, mas acreditamos que este conceito deva ser observado. Além disso, inúmeras informações sigilosas transitam pela segurança pública, em especial do sistema prisional, e que isso, por óbvio, nos traz uma preocupação. Não temos nada contra ele pessoalmente. Até ficamos contentes, pois parece que ele está se dedicando, trilha um caminho do bem. Todavia, precisa ficar claro, não existe um condão mágico para apagar o passado de diversos crimes desse senhor. Ele cometeu crimes hediondos”, destaca o presidente da Amapergs Sindicato, Saulo Felipe Basso dos Santos.
Durante entrevista para uma emissora de rádio de Porto Alegre, “Folharada” acusou o Sindicato, que representa quase 7,5 mil servidores penitenciários que atuam em 150 casas prisionais do RS, de ligação política. Além disso, de forma leviana e sem provas, acusou os servidores penitenciários de corrupção e má conduta.
“É um grupinho de sindicalista aí, que representa 5% do efetivo da SUSEPE, que está contra. Eles não representam a SUSEPE. São políticos mamando na teta do Estado. Se eles tivessem um pouquinho de inteligência e de visão do que eles representam para a sociedade, eles jamais fariam uma coisa dessas. É uma pena um sindicato que se diz representar. Eu sei que não representa. Trabalhei quatro anos na Assembleia Legislativa de assessor de deputado Daniel Bordignon (Ex-PT, atual PDT). Trabalhei quatro anos na Câmara dos Deputados de assessor do ex-deputado Ronaldo Nogueira (ex-PTB, atual Republicanos), hoje Secretário Estadual do Trabalho, Ronaldo Nogueira. Ele assumiu a Secretaria do Trabalho e eu pedi para ele se podia me ajudar, pois estou precisando ter um salário no fim do mês. Faz seis meses que o Ronaldo Nogueira está tentando me colocar nesse cargo. Eles não representam nem todo o Sindicato. Na época que entrei no sistema prisional, no Presídio Central, naquela época os guardas, os funcionários da SUSEPE, vendiam os presos novos para os presos antigos para transformar em mulher dos presos antigos, para transformar o camarada em uma mulher. Os próprios guardas vendiam os presos novos quando entravam novinhos no presídios para serem estuprados. Naquela época não existia visita íntima. Tem alguns desses agentes aí ainda infiltrados na SUSEPE. É uma coisa muito grave o que o sindicato está fazendo. Tem muito agente penitenciário aí que gostaria de falar isso. O Sindicato só busca vantagem para si próprio. Buscam benefício próprio. Não estão trabalhando para classe deles. Não são representantes. Eu conheço o sistema por dentro e por fora. Sei tudo como funciona. Maior parte das rebeliões que aconteciam era provocado por essa turminha aí. As rebeliões não começavam com o preso. Quando eu estava no crime eu era um cara de palavra. Passei por torturas terríveis na mão da polícia aí”, disse “Folharada” em depoimento para rádio Bandeirantes de Porto Alegre, nesta segunda-feira (11/10/2021), pela manhã (íntegra da entrevista a partir de 2h22min – https://www.youtube.com/watch?v=iSF64X3meFU)
Lacir Moraes Ramos é ex-detento e se diz regenerado. Atualmente, trabalha na reabilitação de detentos e como pastor evangélico. De acordo com o governo, Lacir foi convidado pelo secretário de Trabalho, Emprego e Renda, Ronaldo Nogueira, ex-ministro do Governo Michel Temer e Bolsonaro, para atuar em um projeto de qualificação profissional para egressos dos sistemas penal e socioeducativo.
“Vamos interpelá-lo judicialmente pelas acusações que ele fez, pois ele vai ter que comprovar o que ele disse, vai ter que indicar nomes, vai ter que provar o que ele disse. É muito fácil jogar palavras ao vento. Mas o sindicato não aceita isso, essas acusações sem embasamento. É preciso ter responsabilidade. Agora ele vai responder mais um processo. Mas ele já deve estar acostumado, pois ele já tem tantos processos. Ele precisa dizer o ano, o mês em que tudo o que ele relata aconteceu. Ele terá que comprovar essas falas. Que rebeliões são essas? Em quais casas prisionais?”, destaca o presidente da Amapergs Sindicato, Saulo Felipe Basso dos Santos.