Diante do
surto de casos de Covid-19 em casas prisionais no Rio Grande do Sul, a Amapergs Sindicato, que representa mais de 7 mil servidores penitenciários no Estado, critica a postura do governo que, de acordo com a entidade, tem priorizado a testagem dos apenados e deixado em segundo plano os servidores que trabalham nas 150 casas prisionais e que possuem familiares. Segundo o presidente da Amapergs Sindicato, Saulo Felipe Basso dos Santos, dezenas de servidores que atuam no sistema prisional já testaram positivo para o novo coronavírus.
“O Estado está priorizando a testagem dos apenados e deixando os servidores em segundo plano. Já colocamos nossa posição à Susepe que possui um número de testes e sugerimos que uma porcentagem seja destinada a testagem dos servidores”, protesta o presidente da Amapergs.
No início do ano, a entidade, após visitar várias casas prisionais do Rio Grande do Sul, comunicou o governo sobre o risco do alastramento do novo coronavírus nas cadeias gaúchas, colocando em risco apenados, servidores e suas famílias. Ao todo, o Estado possui 40 mil apenados.
Segundo Santos, devido a um surto de coronavírus no Presídio Estadual de São Leopoldo, no bairro Fião, que testou positivo para 48 detentos, a justiça mandou soltar 116 apenados do semiaberto mediante colocação de tornozeleira eletrônica, a partir desta sexta-feira (26). De acordo com a Amapergs Sindicato, os servidores penitenciários não possuem equipamentos de proteção como luvas, por exemplo, para instalar as tornozeleiras.
“Em outra casa prisional, no Instituto Penal Padre Pio Buck, por exemplo, onde também foram detectados casos de Covid-19, sequer há uma empresa contratada para fazer a limpeza do local que não apresenta condições sanitárias básicas, colocando em risco não só detentos como servidores”, destaca.
A entidade critica também a dificuldade de acesso a testes por parte dos servidores. Segundo o presidente da Amapergs, a orientação do Estado é que os servidores busquem o acesso a testes nos hospitais credenciados pelo Instituto de Previdência do Estado (IPERGS).
No entanto, de acordo com a entidade, os servidores estão tendo muitas dificuldades, uma vez que no Hospital Ernesto Dorneles, em Porto Alegre, o servidor só consegue acesso a testes se entrar pela emergência, o que demora e aumenta o risco de contágio.
Já na Santa Casa, a informação que a Amapergs Sindicato colheu é que somente servidores cadastrados na instituição terão acesso ao teste. Ao mesmo tempo, não é orientado como fazer o devido cadastro.
Por fim, no o Hospital da Brigada Militar, de referência para os servidores públicos do Estado, só atende aquele servidor que está com sintomas graves e avançados do novo coronavírus e precisa ser internado.